sábado, 5 de abril de 2014

PAULA SÁ – OS HOMENS DA MINHA VIDA

No espaço acolhedor do bar do Teatro Rápido, assisti ao concerto intimista de Paula Sá, acompanhada ao piano por Nuno Tavares. Esta cantora/actriz tem uma voz forte e versátil, estando à vontade tanto a cantar clássicos do “songbook” americano (“Smile”, “My Way”), como em ritmo brasileiro (“Cama e Mesa”, “Chega de Saudade”) ou em estilo pop/rock (“Hello”, “Message in a Bottle”), mas o que eu mais gostei foi da sua versão de “Um Homem na Cidade”, onde me fez lembrar uma jovem Simone de Oliveira.

No piano, um jeitoso Nuno Tavares demonstrou ter umas mãos virtuosas, acompanhando Paula com ritmo, estilo e boa disposição. Os dois pareciam estar completamente à vontade um com o outro, conseguindo uma boa química musical que aqueceu a noite.

Para além da sua grande voz, Paula tem também uma forte presença em palco, aliada a uma simpatia natural que conquista o público. No entanto, achei as partes faladas demasiado elaboradas e pouco emocionais. Ela fala-nos do que sentia/sonhava na sua adolescência quando ouvia os discos que pertenciam ao seu pai, mas recorreu demasiadas vezes ao guião que estava à sua frente para nos dizer essas coisas; uma abordagem menos literária e mais emocional teria sido preferível. 

Durante o concerto, não consegui deixar de recordar uns concertos que tenho gravados ao vivo de algumas jovens divas da Broadway (acho que Paula tem o mesmo potencial), onde estas partilham de forma natural e intimista as suas histórias. Se calhar, em vez de fazer uma dissertação sobre o sexo (não tenho absolutamente nada contra o mesmo, antes pelo contrário), seria mais interessante que, antes de cada canção, ela nos dissesse porque razão a escolheu. Mas foi uma noite bem passada e que recomendo. Paula Sá tem tudo para ser uma estrela e espero que o venha a ser!


Um pequeno aparte que nada tem a ver com o concerto. Como já disse, o bar do Teatro Rápido é um espaço acolhedor, mas seria agradável que o ambiente também o fosse. Era uma noite que se queria intimista, mas a música de fundo era de discoteca; alguns membros do staff não evitaram fazer barulho durante o espectáculo; o público, como que por simpatia, falava alegremente e consultava os seus dispositivos digitais; para já não falar do fotografo que estava constantemente a passar à frente do público. O respeito por quem está no palco e pelo público que pagou um bilhete devia ser absoluto, tirando isso foi uma boa noite.

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