quarta-feira, 10 de setembro de 2025

O BICHINHO DO TEATRO

E perguntam vocês, com toda a razão, quem é este gajo que tem a mania de escrever sobre teatro? A resposta é muito simples, sou um apreciador da arte da representação e do escape que o teatro, tal como o cinema, me proporciona. Não tenho qualquer formação sobre a matéria, o pouco que sei aprendi a ver peças e a ler uma coisa ou outra sobre o assunto. Mas nada melhor que falar-vos sobre mim... espero não ser muito chato.

Antes de descobrir o fascinante mundo do Teatro, descobri o mundo mágico do Cinema, pelo qual me apaixonei com tenra idade. A culpa foi dos filmes em glorioso preto e branco (na altura ainda não havia televisão a cores) que eram exibidos na televisão. Era viciado nos mesmos e nada melhor que um musical onde Fred Astaire e Ginger Rogers rodopiam alegremente; a seguir tentava imitá-los dançando pela casa, umas vezes como Fred outras como Ginger (usando uma velha saia arredondada). Já nessa altura sonhava em ser actor, principalmente de musicais. Acho que foi assim que o “bichinho” pela arte da representação (teatro ou cinema) nasceu em mim.

Não me recordo exatamente quando foi a primeira vez que fui ao teatro. Pode ter sido uma das duas Revistas que vi no Parque Mayer com os meus pais, uma das quais com Guida Scarllaty numa homenagem aos musicais da Broadway, ou então numa visita de estudo ao teatro A Barraca ver Maria do Céu Guerra em É MENINO OU MENINA, a partir de Gil Vicente. 












O sonho da arte da representação foi assim crescendo dentro de mim, mas confesso que pouco fiz para a realizar e nem sei se tenho talento para tal, decididamente não tenho o espírito de sacrifício que os artistas têm. 

A primeira tentativa foi no grupo de Teatro de Carnide, devia ter para aí os meus 16/17 anos. Uma amiga fazia parte do mesmo e convenceu-me a ir até lá; nessa minha primeira visita, o encenador Bento Martins colocou-me no palco e convidou-me para fazer parte do elenco da peça que estavam a começar a ensaiar. Vim para casa excitado e com o argumento debaixo do braço, mas quando percebi que era uma peça dramática e muito política, algo que não me dizia nada, desisti sem sequer ter começado.

Mais tarde, devia ter 19 anos, vi um anúncio para um casting e decidi inscrever-me. Lá fui e juntei-me a um grupo grande de jovens aspirantes a actores no anfiteatro de um teatro que havia mais ou menos em frente do Liceu Camões. Aí comecei a ficar nervoso, pois começaram a chamar-nos ao palco, um de cada vez, para representarmos qualquer coisa para todos verem. 

Ao contrário dos outros, eu não tinha preparado nada e, quando me chamaram, a vergonha tomou conta de mim, e não consegui fazer nada; o diretor mandou-me para o lugar e disse-me que já me voltava a chamar. Aflito comecei a pensar no que podia fazer naquele palco... e eis que vejo um escadote mesmo lá ao fundo e decidi que ir pedir namoro ao mesmo. Lá voltei ao palco, dirigi-me para o escadote e quando abri a boca, em vez do que tinha pensado fazer, comecei a dizer que era o maior actor do mundo (inspirado num número musical do FUNNY GIRL) e pensei que a minha audição ficaria por ali.

Uns dias depois recebi uma chamada e tinha sido um dos escolhidos para fazer parte de três dias de provas, para depois escolherem o elenco final. Nem queria acreditar e lá fui, nervoso e excitado. O primeiro dia foi divertido; no segundo, enquanto aos outros davam personagens mais estereotipados, eu tive que fazer de um homem casado com uma mulher de uma classe social mais alta que a dele. Eu que queria fazer comédia, lá tive que fazer drama. No terceiro dia haveria provas de dança (o que não me assustou) e de canto... canto!!! Eu não tenho voz e achei que ia ser embaraçoso... Resultado? Desisti e não apareci no terceiro dia. Eles ainda me ligaram, mas não me conseguiram convencer.

Mal sabia eu que um ano mais tarde, estava eu na tropa, iria receber uma chamada de um dos actores desse grupo a convidar-me para uma nova audição. Esta teve lugar no teatro da antiga Feira Popular onde fiz a audição, apenas para esse actor e encenador. Tive que representar, dançar e cantar. Uns dias depois soube que tinha conseguido o papel, mas infelizmente por causa do serviço militar não me podia comprometer com a companhia teatral. E lá foi mais uma oportunidade.

Mas não fiquem tristes, anos mais tarde lá consegui pisar o palco. Vivia na Amadora, onde frequentei as aulas de sapateado do Ginásio Babilónia e, por dois anos, fui dançar para o palco na festa de Natal do ginásio. A primeira era a professora Elizabeth, um grupo de raparigas e eu; da segunda era a professora Marinela e eu. Confesso que adorei ambas as vezes, mas a minha experiência em palco ficou-se por aí e pelo mundo dos sonhos.










Assim, limito-me a ir ver sempre que posso e quando estas me despertam a atenção. Sou, portanto, um mero espectador que vê as coisas pelo lado emocional, raramente pelo lado intelectual, e que gosta de escrever, umas vezes melhor outras pior, sobre o assunto. Se continuo a ter o sonho de fazer teatro ou cinema? Claro que sim, acho que o vou ter para todo o sempre! 











Entretanto, espero continuar a frequentar o teatro e a escrever sobre o que vejo, principalmente das coisas de que gosto. E um conselho de amigo, vão ao teatro! A experiência é única! 

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