quarta-feira, 23 de julho de 2025

AS BRUXAS DE EASTWICK de John Dempsey

Faz já muitos anos que vi este musical em Londres, na sua estreia em 2000 (era então um jovem de 36 anos) e gostei do que vi. As canções de Dana P. Rowe e John Dempsey eram no geral boas e algumas ficaram-me no ouvido (“Dirty Laundry”, “Words, Words, Words”, "Another Night At Darryl’s" “I Wish I May”). Infelizmente, o musical não foi um grande sucesso e acabou por nunca chegar à Broadway.

Confesso que nunca pensei que, 25 anos depois, iria ter a oportunidade de rever este musical, e muito menos numa produção portuguesa. Mas, meio escondida no Auditório da Santa Joana Princesa em Lisboa, como resultado final do ano escolar da Stagedoor – Escola de Teatro Musical, as Bruxas apareceram por cá no fim-de-semana passado e mereciam a vossa visita.

Quem viu o filme com Jack Nicholson, Cher, Susan Sarandon e Michelle Pfeiffer, ou leu o romance de John Updike conhece a história. Três mulheres solteiras, não muito bem-vistas pelos habitantes da localidade onde vivem, conseguem sem querer invocar o diabo que aterra em Eastwick dando-lhes tudo o que desejam, mas a um preço com o qual elas não contaram…

Esta produção, encenada por André Lourenço (que é também um dos responsáveis pela adaptação portuguesa, conjuntamente com Ana Stillwell, Raquel Pereira e Maria Mascarenhas) é muito divertida, cheia de ritmo e alegria contagiante por parte do jovem elenco. Diria que a coreografia podia ser melhor, talvez mais simples, mas gostei do caos que se instala no palco com todos a dançar. Por vezes o som da orquestra sobrepunha-se às vozes (algo que acontece também em produções ditas mais profissionais), mas nada que afectasse muito o espectáculo.

Quando não há dinheiro, usa-se a imaginação! Ninguém pode acusar André Lourenço e a sua equipa de falta de ideias. Um dos momentos altos da produção londrina era quando as três bruxas voavam em palco, e estava muito curioso de ver como iam fazer isso aqui. Acreditem que a ideia resultou muito bem. Lourenço também soube tirar bom proveito do espaço disponível e tudo flui naturalmente, não se dando pelas cerca de três horas que o musical dura.









Claro que, para que tudo funcione e a nossa atenção seja captada, é importante ter bons actores em palco e fiquei surpreendido pela qualidade do elenco; é bom saber que temos tanta gente boa por cá. Por razões óbvias, uns destacam-se mais que outros. Luís Santos Mascarenhas é um diabo sexy, gozão e mimado, cantando com voz forte e mexendo-se muito bem em palco. Como a “cabra” da Felicia, Ana Stilwell é antipática, chata e fácil de se odiar, o que quer dizer que faz muito bem o seu papel. Por fim, temos as três bruxas, Sara Venâncio, Catarina Dias e Margarida Pardal; três belíssimas jovens actrizes com excelentes vozes, que facilmente conquistam a nossa simpatia e estão brilhantes nos seus papéis. Não devia dizer isto, mas Margarida Pardal como Sukie foi a minha preferida, com um brilho interior que ilumina o palco sempre que está em cena.















Espero que esta produção não fique por aqui e que algum produtor de teatro português (atenção Força de Produção) pegue na mesma e lhe dê nova vida. Sei que o André Lourenço é capaz de levar este musical para o nível seguinte e imagino o que ele poderá fazer com mais meios. Parabéns à Stagedoor e a todos os envolvidos, continuem com o bom trabalho e eu prometo que, se me sair o Euromilhões, viro produtor de musicais.

Elenco: Luís Santos Mascarenhas, Margarida Pardal, Sara Venâncio, Catarina Dias, Ana Stilwell, Rafael Pina, Kelly Oliveira, Miguel Pina, Samanta Sousa, Tomás Mourato, Beatriz Vasconcelos, Mariana Graça, Mateus Borges, Anya Santos, Ana Gomes, Elena Prostova, Bia Lisboa, Vicente Pé-Curto, Sofia Chaves, Constança Barreira, Inês Garcia, Cláudia Rosa, Leonor Lopes, Kaya, Maria Gama











Equipa Criativa - Música: Dana P. Rowe • Livro e Letras: John Dempsey • Tradução e Adaptação Portuguesa: Ana Stilwell, André Lourenço, Raquel Pereira, Maria Mascarenhas • Encenação: André Lourenço • Coreografia: Catarina Alves • Direção Musical: Carlos Meireles • Produção: Stagedoor

Fotos: Luís Chaves


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