O autor e encenador Fernando Heitor, de quem tive o prazer de ver MÁRIO A HISTÓRIA DE UM BAILARINO DO ESTADO NOVO e SALÃO LISBOA – O DIÁRIO DE UM ALFACINHA, é um mestre em economia de meios. Com ele, menos é sempre melhor, e esta nova peça não foge à regra. O que importa a Heitor é o texto e os seus personagens, e quando ambos são bons e interessantes, como é caso, o cenário é reduzido ao essencial, estando ali apenas para servir os personagens, que se revelam perante o nosso olhar, sem distrações ou grande jogos de luz, mas com empatia e humor. Outra coisa em que Heitor é excelente é na direção de actores, o que não falha aqui.
Como o professor, Flávio Gil demonstra mais uma vez o fantástico actor que é, passando da raiva, à loucura, ao desespero, à alegria, com uma facilidade de fazer inveja a muita gente. A seu lado, Tomás Andrade é uma revelação como o provocador, irreverente e por vezes irritante aluno. A química entre os dois é essencial à peça e essa existe deste o primeiro momento em que ambos se encontram em palco.
Infelizmente, a peça vai estar muito pouco tempo em exbição na Boutique da Cultura, não sabendo se depois terá futuro noutro espaço. A verdade é que, presentemente, em Lisboa, está a haver falta de salas onde os espectáculos consigam permanecer pouco mais, se tiverem sorte, que duas/três semanas. Um problema grave para quem faz teatro e mau para o público que assim perde a oportunidade de ver as peças; muitas vezes, quando se começa a falar das peças, estas já não estão em exibição. Espero, muito sinceramente, que esta FOZ DO MEKONG encontre outro palco onde possa conquistar mais público.
Elenco: Flávio Gil, Tomás Andrade
Equipa Criativa: Encenação: Fernando Heitor • Texto: Fernando Heitor • Música: João Paulo Soares • Produção Executiva: André Camilo • Produção: Camarote Produções
Fotos: Fernando Santos





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