sábado, 18 de outubro de 2025

GREASE, O MUSICAL de Jim Jacobs & Warren Casey

Em Maio de 1979 estreava nos nossos cinemas GREASE, com Olivia Newton-John (no seu melhor registo Sandra Dee) e John Travolta (acabadinho de sair de SATURDAY NIGHT FEVER e um bocado canastrão) como o casal romântico cujo amor é posto à prova no liceu e que obriga a pobre Sandy a mudar o seu estilo para conquistar o seu homem; tudo ao som de uma banda sonora nostálgica de homenagem aos anos 50. Sim, hoje o musical, que estreou na Broadway em 1971, seria cancelado pela cultura “woke”. Onde já se viu uma rapariga deixar de ser quem era para conseguir o seu homem? 

Muitos anos mais tarde, em 1993, tive o prazer de ver em Londres uma produção fabulosa deste musical e foi quando fiquei a saber que as canções “Grease”, "Hopelessly Devoted to You", "Sandy" e "You're the One That I Want" não faziam parte do original da Broadway e tinham sido escritas de propósito para o filme. As mesmas foram integradas com sucesso nesta produção londrina.

E agora foi a vez de ver uma produção portuguesa deste musical, que segue a produção de Londres em termos de canções e, se é verdade que não adorei, diverti-me imenso. O elenco em palco tem energia e talento para dar e vender, mas as desinspiradas coreografias não os ajudam e parece não haver uma continuidade na encenação, como se fosse apenas uma colagem de números musicais. Muito sinceramente, acho que esta sensação é provocada pelo facto de as canções serem cantadas em inglês enquanto os diálogos são em português, isto provoca um corte que não ajuda a produção. 

Mas o melhor é mesmo o elenco. Mariana Marques Guedes é uma inocente Sandy, cujo melhor momento é o famoso "Hopelessly Devoted to You", Bryan Carvalho é um Danny maniento, mas verdadeiramente apaixonado por “Sandy”. Como Jonny Casino, Luís Santos Mascarenhas (o diabo de AS BRUXAS DE EASTWICK) dá-nos o energético "Born to Hand Jive", mas tal como o número “We Go Together”, a coreografia não ajuda e é uma pena, pois Mascarenhas é um excelente bailarino.

Para mim os melhores momentos da peça são o “Mooning”, onde José Valente e Maggie Campos brilham, e "Beauty School Dropout" (a minha canção favorita deste musical) onde Rogério Maurício (A FAMÍLIA ADDAMS), ao melhor estilo de Liberace, aconselha Frenchy.

Curiosamente, ao contrário do resto da peça, o sing-along final faz sentido ser em inglês e o espectáculo acaba em apoteose de festa com elenco e público a cantar e a dançar. É contagioso e saímos bem dispostos do teatro, o que já é muito bom nos tempos negros que vivemos.

Elenco: Alexandra Pato, Bryan Carvalho, Carolina Puntel, Inês Martins, Inês Pedro de Campos, José Valente, Kkappa, Luís Santos Mascarenhas, Maggie Campos, Maria Barros, Mariana Marques Guedes, Marta Rito, Miguel Barroso, Pedro Alma, Ricardo de Sá e Rogério Maurício 

Equipa Criativa: Encenação: Paulo Sousa Costa • Assistência de encenação: Diogo de Carvalho e Luís Pacheco • Texto e Canções: Jim Jacobs & Warren Casey • Tradução: M. B. Santos • Direção Musical: Carolina Puntel • Coreografia: Mariana Luís e Pedro Borralho • Cenografia: Fred Klaus • Figurinos: Fred Klaus e Sofia Lima • Adereços e Perucas: Afonso Judicibus • Confeção de Figurinos: Sofia Lima e Ana Cristina Santos • Assistência de Figurinos: Carolina Almeida e Lara Jean • Produção: Yellow Star Company

Fotos: José Frade, Elsa Furtado, Ben do Rosário






























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