Não conhecia esta peça, escrita em 1967 por Fernando Arrabal, mas tendo em conta a linguagem utilizada, julgo que foi actualizada para os nossos tempos, mantendo o espírito do original. Na encenação “despida” de João Mota, onde a areia é um complemento aos personagens, descobrimos dois homens, um ingénuo e inocente, o outro um conhecedor dos prazeres e horrores da civilização. Entre os dois, iniciam-se uma série de jogos, por vezes um pouco surrealistas, que de certa forma são um olhar crítico ao mundo actual.
Para uma peça destas funcionar, é preciso dois actores que se entreguem totalmente aos seus papéis e que entre os quais dois exista uma química palpável. Felizmente, Francisco Pereira de Almeida e Rogério Vale foram a escolha certa. O primeiro dá ao Arquitecto um ar de criança grande, que acredita na magia e para quem tudo é um jogo. O segundo dá-nos um Imperador com manias de grandeza e ditatoriais, mas também de uma grande fragilidade. Por razões óbvias, o seu personagem é muito mais rico e interessante. Rogério Vale comanda o palco, ou devo dizer o areal? Mas entre os dois actores existe uma cumplicidade, diria por vezes homoerótica, que é o verdadeiro coração da peça.
Elenco: Francisco Pereira de Almeida, Rogério Vale
Equipa Criativa: Encenação: João Mota • Texto: Fernando Arrabal • Tradução: Luís Vasco • Assistentes de Encenação: Miguel Sermão, Madalena Nestório (estagiária Escola Secundária D. Pedro V) • Desenho de Luz: Paulo Graça • Ambiente Sonoro e Sonoplastia: Hugo Franco • Cenografia: Renato Godinho, João Mota • Teasers: Jorge Albuquerque • Operador de Luz/Som: Hugo Franco, Bruno Simões, Afonso Silva • Técnicos de Montagem: Renato Godinho, Assunção Dias • Gabinete de Produção: Rosário Silva, Carlos Bernardo, Catarina Oliveira • Assistência Geral: Assunção Dias, Selma Meira, Julieta Lucas • Estagiário Técnica: Bruno Simões
Fotos: Pedro Soares, Manuel de Almeida (Lusa)







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