quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

ESTAR EM CASA de Ricardo Neves-Neves / DEFINITIVAMENTE AS BAHAMAS de Martin Crimp

Presumo que, presentemente, Ricardo Neves-Neves é o encenador mais em destaque em Lisboa, não com uma, mas sim com três peças em exibição: o hilariante musical MÃES e estas duas estreadas no final de Novembro no Teatro Variedades.

Estas duas peças, apesar de serem ambas comédias, não podiam ser mais diferentes. Em ESTAR EM CASA, Neves-Neves adapta de forma brilhante a obra de Adília Lopes ao palco. Já em DEFINITIVAMENTE AS BAHAMAS, encena com base num texto original do dramaturgo inglês Martin Crimp, com tradução de Isabel Lopes.

Vamos começar pelas BAHAMAS, onde um casal já de idade avançada partilha connosco histórias da sua vida e da dos outros, acabando por se revelarem xenófobos. Adoro o trabalho de Neves-Neves, mas tenho que confessar que não gostei desta peça. Começa bem, com um cenário que promete uma comédia engraçada, mas perto do meio, comecei a perder o interesse pelos personagens e desliguei-me. Ainda assim, apreciei a sempre talentosa Custódia Gallego. A verdade é que esperava uma comédia divertida e meio-maluca, e saí decepcionado.

ESTAR EM CASA já é outra história. Simplesmente adorei esta peça! Não conhecia a obra de Adília Lopes, por isso não sei dizer se Neves-Neves faz uma boa adaptação da mesma, mas o resultado é brilhante. Na encenação imaginativa dele e nas mãos seguras de Sílvia Filipe, é um momento inesquecível de teatro, daqueles que nos enche o coração.

Aqui, Neves-Neves está naquilo que eu acho ser o seu território. Uma loucura saudável transborda do palco, envolvendo-nos de forma agradável e criando uma grande empatia entre nós e a actriz. A ideia da animação é genial e pontua a peça de forma simples e cheia de graça. Eu que nem sou apreciador de poesia, deixei-me levar pelo texto e pela forma como flui sem sabermos para onde nos vai levar a seguir. Fantástico!

Voltando a Sílvia Filipe, que já tinha tido o prazer de ver partilhar o palco em A FAMÍLIA ADDAMS e QUERIDO EVAN HANSEN, aqui comanda o palco só por si, numa interpretação excepcional, digna de todos os prémios que possa haver. A versatilidade desta actriz é espantosa, conseguindo fazer-nos rir, comover, enquanto canta sem esforço. Para ser honesto, ela não está propriamente sozinha em palco, de vez em quando é visitada por uns “personagens” deliciosos e, algures por detrás da cortina, Simão Bárcia dá-lhe o devido apoio musical. 

Por mim, teria ficado toda a noite nesta casa construída por Neves-Neves e na companhia memorável de Silvia Filipe e seus “companheiros”. ESTAR EM CASA assim, vale mesmo a pena!















DEFINITIVAMENTE AS BAHAMAS

Elenco: Custódia Gallego, Marques D’Arede e Cristina Gayoso Rey

Texto Original: Martin Crimp • Tradução: Isabel Lopes • Encenação: Ricardo Neves-Neves • Desenho de luz: Cristina Piedade • Art design: José Cruz • Fotografia: António Ignês • Vídeo promocional: Eduardo Breda • Caracterização e cabelos: Marco Santos • Coordenação técnica: Cristina Piedade • Produção e direção de cena: Teatro do Eléctrico - Sílvia Moura • Produção: Culturproject - Nuno Pratas • Difusão: José Leite • Produção: Culturproject, Teatro do Eléctrico e Cineteatro Louletano

Fotos: Estelle Valente














ESTAR EM CASA

Elenco: Sílvia Filipe

Equipa Criativa: Textos Originais:  Adília Lopes • Dramaturgia e Encenação:  Ricardo Neves-Neves • Música: Simão Bárcia • Canções:  Maia Balduz e Simão Bárcia • Desenho de Luz e Coordenação Técnica:  Cristina Piedade • Cenografia: Eric da Costa • Artes finais de cenografia: Rita Vieira •Construção de cenário e adereços: José Pedro Sousa, Paula Hespanha e Rita Vieira • Ilustração e Vídeo: Inês Silva • Video Mapping: Eduardo Cunha • Figurinos: Rafaela Mapril • Cabelos:  Carlos Feio • Desenho de Som e Sonoplastia: Sérgio Delgado • Fotografia de Cartaz: Filipe Ferreira • Design Gráfico:  Renato Arroyo • Design Gráfico Teatro do Eléctrico:  José Cruz •  Vídeo Promocional: Eduardo Breda • Assistência de Encenação: José Leite • Segundo Assistente:  Tiago Estremores • Produção e Direção de Cena Teatro do Eléctrico:  Sílvia Moura • Produção Culturproject:  Nuno Pratas • Coprodução Teatro do Eléctrico, Cineteatro Louletano e Culturproject

Fotos: Estelle Valente e Humberto Mouco


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