domingo, 9 de março de 2014

TEATRO RÁPIDO MARÇO 2014: PÓ DE PALCO

O mês de Março traz PÓ DE PALCO ao Teatro Rápido e, na minha mente, esse tema está carregado de magia. Infelizmente, só numa das quatro micro peças é que encontrei essa magia, mas o mundo do palco está presente em todas.

A Sala 1 foi transformada no sótão de recordações de Abel Dias e é aí que, com DAY BY DAYS, ele partilha connosco algumas das suas muitas histórias. Ele fá-lo com humor e não duvido que os seus 15 minutos poderiam durar muito mais tempo. Apesar de me ter divertido, não consegui deixar de sentir que há algo de patético e triste na peça, ou na situação que esta cria. Mas Abel Dias, dirigido por ser filho Miguel Dias, é um anfitrião simpático, um pouco “bigger than life”.

Lembram-se do filme BEING JOHN MALKOVICH? Pois na Sala 2, com NU PALCO, temos uma situação semelhante. O actor, autor e encenador Miguel Ponte leva-nos numa tour ao interior do seu cérebro, fazendo-nos rir e pensar, ou melhor, não pensar. O texto é muito engraçado e o cenário que o envolve, eficaz na sua confusão. Miguel Ponte é um actor talvez demasiado seguro de si, nunca revelando as fragilidades que todos os actores têm. Apesar de ser NU PALCO, a verdade é que ele nunca se despe emocionalmente e isso desequilibra um pouco a peça. Acho que ele precisa de se soltar mais e, quando isso acontecer, acredito que poderá tornar-se um excelente actor.

FAZ QUALQUER COISA é o nome da peça da Sala 3, mas a verdade é que as suas actrizes Sara Gonçalves e Sílvia Ribeiro não fazem nada que justifique estarmos ali durante um longuíssimos 15 minutos. A peça gira à volta da audição de uma actriz e é das coisas mais desinteressantes a que assisti no Teatro Rápido.

A magia do “pó de palco” está omnipresente no HOTEL SÃO CARLOS, ou Sala 4, onde o espírito de clássicos como SUNSET BOULEVARD se faz sentir. Leonora Ventura, outrora uma estrela do mundo do espectáculo, encontra-se com um jovem produtor, que é também o seu maior fã, que tem uma proposta para a trazer de volta às luzes da ribalta. Tudo isto num cenário deliciosamente construído e carregado de atmosfera. É verdade que o texto podia ser melhor, pois tem uma excelente ideia na sua base, mas a simples e brilhante encenação de Alexandre Tavares (que assina aqui o seu melhor trabalho para o TR) dá-lhe a magia necessária. Paula Só é fabulosa como Leonora e Diogo Tavares vai muito bem como o nervoso produtor com um segredo. Para mim esta é a melhor peça deste mês.


O meu conselho é que vão até ao TR enquanto o pó de palco não assenta e que aproveitem para se divertir com algumas das propostas do mês. Podem ser as memórias de Abel Dias, os meandros da cabeça de Miguel Ponte ou a magia teatral de HOTEL SÃO CARLOS.

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