Com o subtítulo de “A História do Musical Americano”, estreou este fim-de-semana no Teatro Estúdio Mário Viegas o novo espectáculo dos irmãos Feist, Henrique e Nuno, que este ano celebram 30 anos de carreira.
Este pequeno show é um bom exemplo do talento destes dois irmãos. Ao piano, Nuno substitui muito bem uma grande orquestra e dá todo o apoio que o seu irmão necessita. No palco, Henrique canta, dança e partilha a sua grande paixão pelo Teatro Musical, revelando-se um talentoso one-man-show.
Para um fanático por musicais como eu, este tipo de espectáculos têm por vezes um problema – o repertório escolhido. Sou louco pelo som tradicional da Broadway, mas o mesmo não posso dizer pela invasão inglesa liderada por Andrew Lloyd Webber, que neste show tem presença forte. Sei a importância que os seus mega-musicais tiveram e têm na história do teatro musical, sei também que sempre que uma das suas canções é cantada o publico vai ao rubro, pois facilmente identificam a canção e sem dúvida que ele escreveu grandes canções. Mas nunca o incluiria na história do musical americano. O mesmo posso afirmar em relação ao número dos LES MISERABLES e do OLIVER!, se bem que este último têm mais a ver com os musicais tradicionais americanos do que com os musicais ingleses.
Não pondo em causa o enorme talento de Henrique Feist, que continua a ter uma voz bonita e forte, com a qual faz o que quer e consegue cantar seja o que for, não posso deixar de notar que leva tudo isto demasiado a sério e raramente se deixa levar pela louca alegria do Musical. Também entre ele e o público é criada uma barreira que quase nunca é ultrapassada; apesar da sua forte presença ele falha, ou não quer, criar empatia com o público. É como que se ele nos tivesse a dar uma aula sobre teatro musical, deixando a emoção de parte e limitando-se a dar-nos os factos. Talvez por isso, um dos momentos mais bem conseguidos têm a ver com o musical ANNIE.
Gostava de ter sentido uma envolvência entre Henrique e o público. Este é o seu espectáculo, mas não chega dizer-nos quem são os compositores preferidos dele e do seu irmão. Queria sentir-me mais perto dele, queria saber porquê esta sua paixão pelo musical. Queria sentir o contágio esfusiante e a alegria do musical, aquela que sinto sempre que vejo um musical e que fico com vontade de saltar ao palco e juntar-me a toda aquela loucura.
Independentemente de ter sentido a falta de tudo isso, claro que adorei ouvir tantos clássicos do género, especialmente tão bem cantados por Henrique. Pessoalmente, acho que todos os amantes do género devem ir ver este espectáculo e agradecer aos irmãos Feist a partilha deste fabuloso género teatral e cinematográfico. Tal como dizem no musical 42ND STREET – “Musical comedy, the most glorious words in the English language”. Não há nada melhor que o Musical!
Eu já sentia a distância do Feist no saudoso ciclo "Os Grandes Mestres do Musical Americano" mas o narrador, cujo nome não me recordo agora, era excelente a fazer a ponte com o público!
ResponderEliminarTenho pena, estava com imensa vontade de ir ver este espectáculo...
"Sawyer, think of Broadway damn it!" :) melhor intro de uma música num musical de sempre (na minha opinião)
Rita, não deixes de ir ver o espectáculo. O Henrique está em grande forma e sabe sempre bem ouvir estas canções ao vivo, num palco de teatro.
ResponderEliminarNão posso deixar de concordar contigo, "Sawyer, think of Broadway damn it!" é a melhor introdução que já foi escrita para uma música num musical... e agora fiquei cheio de vontade de rever o 42nd STREET.
A sério, Rita, acho que vais gostar deste espectáculo dos mano Feist.