Este mês, o ciúme invade o Teatro Rápido, com resultados muito positivos, umas vezes dramáticos, outras vezes divertidos. À primeira vista pode parecer que o tema do mês, “Por Ciúme”, não está retratado nas quatro micro peças, mas de uma forma ou outra está lá.
A primeira peça que vi tem o longo título de “Se soubesses o quanto isso me magoa, dizias outra vez” e, logo à entrada, somos presenteados por umas desnudadas pernas masculinas. Na peça, um homem (João Quiaios) prepara-se para sair para um encontro, enquanto a sua companheira (Joana Liberal) tenta arranjar uma forma de o dissuadir. O texto é realista e pontuado com algum humor, assentando na forte presença de Quiaios, que contrasta com a interpretação apagada, presumo propositadamente, de Liberal.
Os famosos apaixonados de William Shakespeare estão de volta, só que desta vez “Julieta Está Grávida”. É este o título da segunda peça que tive o prazer de ver e onde somos recebidos num cenário branco e mal iluminado, onde um casal faz o amor, ou talvez não. Quando as luzes se acendem, podemos apreciar o tronco nú de Tiago Ortis e a beleza cativante de Jenny Romero. Juntos, partilham uma química escaldante que serve na perfeição o texto e levantam questões interessantes sobre o amor, o sexo e a paixão. Uma das melhores peças do mês!
Na peça seguinte, “Um Chá a Dois”, deparamo-nos com uma belíssima vista panorâmica de Viena, desenhada com gesso sobre uma parede negra por Pedro Mamede, que dá uma sensação de profundidade e espaço ao cenário, criando uma dimensão que até agora ainda não tinha visto no Teatro Rápido. Quanto à peça, com o seu jogo de amantes e espiões vivido numa varanda com vista sobre a cidade, é muito cinematográfica. Rafael Dias Costa e Francisca Lima vivem intensamente e fisicamente as suas personagens, levando-nos a acreditar nelas. Sem dúvida, uma aposta diferente e bem conseguida neste espaço teatral!
Por fim, temos “Conversas sobrepostas ao barulho da cidade” onde as hilariantes Susana Cacela e Rita Fernandes são duas amigas a fazer planos sobre o seu futuro próximo, muito próximo. O texto é muito divertido, as actrizes têm um “comic timing” perfeito e a sombra de Pedro Almodôvar faz-se sentir nas cores e nas personagens. A peça é refrescante e dá vontade de revisitá-la. A melhor deste mês!
E assim termina mais uma das minhas visitas ao Teatro Rápido e, uma vez mais, não posso deixar de recomendar uma visita a este espaço. Acreditem que o conceito é contagioso e a experiência enriquecedora! Para além das peças, também podem ver a excelente exposição de pintura de Sara Morais no bar do teatro e, já agora, provem as saborosas e enormes tostas!
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