Para o último mês do ano e tendo em conta a época natalícia, o Teatro Rápido escolheu o tema “Ouro, Incenso e Birra!”, não mirra. Assim, é de calcular que, de uma forma ou outra, o espírito do Natal tenha chegado a esse Teatro e nos tenha dado uma das melhores e mais divertidas peças que já passaram por esse espaço. Refiro-me a DIZ-ME RÁPIDO e, sobre a mesma, me irei debruçar mais à frente.
Comecei o pacote das quatro micro-peças com LÁGRIMAS NÃO SÃO ARGUMENTOS, onde Susana C. Gaspar nos fala das suas birras de criança, onde tudo o que realmente desejava era conseguir chorar. O simples, mas divertido texto baseado num poema de Adília Lopes, é interpretado com graça por Susana, que depressa nos cativa com o seu talento inato e nos faz rir sem esforço. Acreditem, mas nunca pensei que os champôs pudessem ter tanta importância na vida de uma criança.
Quando entrei na sala 1 pensei que estava a entrar num antro sórdido com cheiro a sexo, mas depressa as minhas expectativas foram destruídas. Antes de continuarem a ler, um pequeno aviso, este crítica rápida tem “spoilers”. Em BANK BANK YOU’RE DEAD somos recebidos por um casal sexualmente apaixonado que deseja fazer uma declaração ao mundo sobre o valor do dinheiro. O facto de eles serem irmãos é tão irrelevante, que acho que este facto só existe para tentar tornar a coisa mais chocante. Infelizmente, o chocante aqui, é a pobreza do texto e a desinteressante encenação. Ao fim de alguns minutos, já estava farto de ouvir Pedro Carvalho dizer que amava Joana Ribeiro Santos; na realidade não lhe deram muito mais para dizer. Quanto a Joana, apenas lhe é pedido que seja sexualmente estimulante e fiquei com a ideia que ela dava para mais. Lamento, mas não gostei; não senti qualquer tipo de emoção com os personagens ou com a história.
Em HÁ DIAS EM QUE TE AMO... OUTROS EM QUE NÃO SEI O QUE FAZER CONTIGO, um casal na véspera de Natal tem uma discussão que pode mudar para sempre a sua relação. O título diz quase tudo e o texto, apesar de bem escrito e muito real, não parece ter muito para onde ir. Felizmente, Rafaela Covas e Eduardo Ribeiro habitam os seus personagens com grande naturalidade, fazendo-nos acreditar naquela relação e tirando o maior partido possível do texto. Não é um grande momento de teatro, mas segue-se sempre com atenção e vale pelos seus actores.
A acabar este pacote teatral assisti a DIZ-ME RÁPIDO, que é a melhor peça deste mês e uma das melhores que vi no Teatro Rápido. Duas fabulosas actrizes, Marina Albuquerque e Sofia Nicholson, estão a ensaiar uma nova peça, experimentando diversos textos e nós somos espectadores desse processo. A ideia que serviu de base a esta micro-peça é brilhante e a sua execução exemplar. Marina e Sofia estão em perfeita sintonia com o espírito da peça, vivendo as suas personagens com garra, talento e um humor simplesmente irresístivel. O resultado final é hilariante e um dos melhores momentos a que tive o prazer de assistir no Teatro Rápido. Só tive pena que a peça não fosse mais longa, pois adoraria ter passado mais algumas horas na companhia destas grandes actrizes. A não perder!
E assim chegamos ao final do ano no Teatro Rápido. Foram 8 meses de bom teatro e espero que para o ano sejam 12 meses do mesmo. Antes deste ano terminar, irei fazer a minha escolha das melhores e piores micro-peças que por lá vi. Até lá, aconselho uma visita ao TR e, por favor, não percam o divertido DIZ-ME RÁPIDO.
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