A Dona Margarida é uma professora de biologia. Ela é autoritária, agressiva, tem uma linguagem corporal extremamente sexual e um discurso ofensivo. Dos seus alunos exige total obediência, disciplina e que aprendam as suas lições sem questionarem nada.
Escrita pelo brasileiro Roberto Athayde, este peça teve a sua estreia no Brasil em 1973, causando polémico e furor. Passados mais de 40 anos, a sua polémica dilui-se no tempo e o que fica é um espectáculo divertido, que pessoalmente achei um pouco longo. O cartaz, com o cravo vermelho da revolução, promete uma peça carregada de politica, mas curiosamente não achei o discurso assim tão politico.
A peça divide-se em dois actos, mas com a excepção da sequência com um esqueleto de nome Cavaco e a do iogurte, o segundo acto pouco adianta aos acontecimentos do primeiro, acabando por perder parte da sua força. Felizmente, o encenador António Terra faz uso criativo de módulos e um baú negro, onde a Dona Margarida vai escrevendo as suas “máximas”. O humor é constante e só peca por acabar por se tornar um pouco repetitivo. Houve no entanto uma coisa de que não gostei nada e que me apanhou completamente de surpresa – a frase final da Dona Margarida; qualquer coisa como pratiquem ou façam o bem. Achei isto moralista e fora de contexto.
Mas o melhor é a fabulosa interpretação de Sandra José como a sexy Dona Margarida. Ela enche o palco com uma energia maior que a vida e capta a nossa total atenção sem se esforçar por isso. Só conhecia o trabalho desta actriz enquanto autora e encenadora, sendo responsável por duas das mais intensas e melhores peças dramáticas que vi no infelizmente instinto Teatro Rápido. Aqui ela revela uma perfeita faceta cómica que desconhecia, tornando a sua Dona Margarida uma personagem patética, louca, altiva, sensual e capaz de nos pôr a todos na linha. Usando uma expressão gramaticalmente incorrecta, “adorei ela!”
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