Este original foi escrito para a BBC e baseia-se no encontro real entre a atriz Coral Browne e Guy Burgess, que trabalhava para a União Soviética como espião. O encontro deu-se em Moscovo em 1958, para onde Guy fugiu e aonde Coral foi em digressão. Ele tem um pedido peculiar a fazer à actriz; que esta lhe tire as medidas e mande fazer um fato para ele em Londres.
Assim, à primeira vista, parece que não há muito assunto e, ao princípio, fiquei um pouco baralhado quanto ao assunto da peça. Mas depressa percebi que, com humor, Bennett dá-nos um retrato intimista de um homem solitário, de certa forma dispensável, um pouco patético, que sonha com a sua pátria, mas que sabe que não pode abandonar a sociedade cinzenta de Moscovo, onde ainda assim se consegue divertir com um moço ou outro. Quanto a Coral, é uma mulher perspicaz, sem papas na língua, que parece viver a sua vida como quer.
A direção sóbria de Elizabeth Bochmann, flui durante uma curta hora, tirando o maior proveito do excelente par de actores que tem nas suas mãos. Estes são Celia Williams e Mick Greer, quem dão vida de forma animada a dois personagens que enchem o palco com graça e emoção. O jovem Marco Fernandes também dá o ar da sua graça num pequeno apontamento coreográfico.
Para quem não está habituado às produções do Lisbon Players, chamo a atenção que estas são sempre em inglês, sem legendas. Posto isto, aconselho uma ida até ao Teatro do Bairro e saúdo o regresso desta companhia teatral!
Elenco: Celia Williams, Mick Greer, Marco Fernandes, Vuk Simic
Equipa Criativa: Texto de Alan Bennett • Cenografia de Miguel Sá Fernandes • Assistende de Encenação: Cassandra Weightman • Luz de Adrian Pearce • Figurinos de Elizabeth Day • Produção de Jonathan Weightman e Suresh Nampuri • Encenação de Elizabeth Bochmann
Classificação: 6 (de 1 a 10) / Cartaz: Luís Covas
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