terça-feira, 15 de outubro de 2024

TELHADOS DE VIDRO de David Hare

Esta peça, do dramaturgo inglês David Hare, teve a sua estreia em 1995 no National Theatre de Londres e o seu sucesso levou a que a mesma fosse transferida para o West End e depois para a Broadway. A produção original ganhou o Olivier Awards para Peça do Ano. 

Em 2014 voltou aos palcos londrinos numa nova produção, que em 2015 foi importada para a Broadway, onde ganhou o Tony para Melhor Revival. Agora é a nossa vez de a vermos!

Num cenário único, mas de grande beleza (o trabalho de luz é fantástico), encontramos a professora Clara, que vive sozinha no seu apartamento num subúrbio de Lisboa. Nessa noite, recebe duas visitas. A primeira é de Eduardo, o filho adolescente do seu amante, que a procura para que ela ajude o pai, agora que a sua mãe morreu. A segunda, é de Tomás, o seu amante que ela abandonou quando a mulher descobriu que eles tinham um caso. Ambos procuram explicações e esperança de reconciliação.

Adoro peças, sem artifícios, que vivem do texto e dos seus personagens. A encenação de Marco Medeiros é brilhante na sua simplicidade, na intocável direcção de actores e na forma como começa por nos baralhar com as frases escritas que vão aparecendo no palco, que nos contam uma versão diferente da história. Brilhante!

Quanto ao texto, numa belíssima adaptação de Ana Sampaio, é forte, realista, actual, por vezes divertido e toca-nos sem pedir licença. 

Quanto aos personagens, enchem o palco com as suas complexidades e com um talento nato por parte dos actores. 

O jovem Tomás Taborda, demonstra que o futuro do teatro português está garantido e que esta nova geração é uma lufada de ar fresco. Praticamente a tempo inteiro no palco, Benedita Pereira dá-nos uma Clara apaixonada, convicta das suas crenças e escolhas, gerando uma grande empatia connosco. No papel de Tomás, Diogo Infante é uma casa cheia; - arrogante, divertido, destroçado, carente e culpado, Diogo dá-nos tudo isso de forma natural, como poucos actores são capazes. O meu grande aplauso para todos eles e também para o pianista Jorge A. Silva que acompanha a acção com música nostálgica.

Deixem lá de ler isto e comprem mas é bilhetes para a peça! Vale mesmo a pena! 

Elenco: Benedita Pereira, Diogo Infante, Tomás Taborda

Equipa Criativa: Texto: David Hare • Tradução: Ana Sampaio • Encenação: Marco Medeiros • Pianista: Jorge A. Silva • Cenografia: Fernando Ribeiro • Desenho de Luz: Marco Medeiros • Video: Rafael Fonseca • Assistência de Encenação: Rebeca Duarte • Produção: Teatro da Trindade

Classificação: 9 (de 1 a 10) / Fotos: Pedro Macedo - Framed Photos, Márcio Pratas, Alípio Padilha



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