segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

QUASE NORMAL de Brian Yorkey

A História: Diana é uma mãe de família que sofre de um grave caso de bipolaridade. A sua condição afecta todos os membros da família e quando se sujeita a um tratamento mais radical as coisas complicam-se para todos.

O Elenco: No papel de Diana, Lúcia Moniz surpreendeu-me pela positiva. Já a tinha visto como Maria Von Trapp na MÚSICA DO CORAÇÃO, onde ia lindamente, mas aqui revela-se uma actriz de excelentes recursos, mudando facilmente do registo dramático para o cómico, sempre comandando a nossa atenção. Ela é simplesmente fantástica! Como o seu marido, um homem que se faz forte mas que sofre em silêncio, Henrique Feist mantém-se no seu habitual registo dramático. A jovem Mariana Pacheco dá alma e raiva ao papel da filha e, como o seu namorado, André Lourenço dá ao seu personagem uma convincente doçura e inocência, acompanhadas de uma adequada dose de loucura. Como os vários médicos, Diogo Leite tem ar de estrela de rock e uma presença forte em palco. Uma última palavra para o excelente Valter Mira como o filho de Diana; graças ao facto de ser muito expressivo, facilmente cria empatia com o público; isto já para não dizer que é também muito giro. Todos eles são também excelentes cantores, com destaque óbvio para Moniz e Mira.

A Peça: Não se assustem com o tema deste musical, pois apesar de ser muito dramático não é aborrecido nem pesado. Graças à excelente encenação de Henrique Feist, o espectáculo flui sem pontos mortos, num crescendo emotivo que atinge o seu clímax numa comovente cena entre mãe e filha (aqui não consegui conter as lágrimas). Não vi a produção da Broadway, por isso não posso fazer comparações e não sei que apontamentos pessoais Feist deu a este musical, mas gostei particularmente da bonita valsa dançada por mãe e filho, a forma como Diana aparece enquanto está na maca do hospital e a presença constante do filho. Confesso que, como amante que sou dos musicais mais tradicionais, a música rock de autoria de Tom Kitt não é definitivamente o meu género, mas funciona bem no contexto da peça e isso é que interessa. Voltando a Henrique Feist, dirige o seu elenco com mão de mestre, sem medo de poder ser ofuscado pelos seus colegas actores. É verdade, a peça não precisa das canções para viver, mas estas dão-lhe outra dimensão. Recomendo sem reservas a quem goste de bom teatro, seja este musical ou não. Por isso vão até ao Casino do Estoril e deixem-se arrebatar por Lúcia Moniz e companhia!

Classificação: 8 (de 1 a 10) / Fotos de Joice Fernandes © canelaehortela.com



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